A escritora e cineasta Madu Moreschi explica as 31 funções gerais contidas em 7 esferas de ações para analisar uma história atemporal para qualquer mídia, segundo os estudos do folclorista Vladimir Propp (1896-1970)
Por Madu Moreschi
Para entendermos melhor o que significam essas funções e esferas de ação, bem como, como elas podem ajudar a aperfeiçoar a sua obra pelo viés tanto crítico, quanto literário e audiovisual; primeiro vamos entender de onde surgiu essa teoria narrativa. Quais argumentos e ferramentas foram elaboradas por Vladimir Propp para chegar aos finalmente que culminou no livro ensaio “Morfologia do Conto” publicado pela primeira vez em 1928. Esse tendo influenciado posteriormente outros teóricos da narrativa como, por exemplo, Claude Lévi-Strauss e Roland Barthes.
Vladimir Propp (1895-1970) era um homem advindo de uma classe de estudiosos, poetas, escritores e pensadores russos que desenvolveram um grupo formal de pensadores denominados “formalistas russos”. Estes se formaram com o intuito de divulgar na altura o pensamento teórico em relação ao desenvolvimento narrativo nacional, de forma mais profissional e acadêmica. Nesse sentido, Vladmir, um entusiasta do folclore russo e sua estrutura fixa, analisou por volta de cem contos clássicos para chegar a uma fórmula de contar histórias que vingasse, assim como, os contos clássicos que sobreviveram como lendas passadas de geração para geração a centenas de anos sem perder a sua essência fundamental.
Pode-se apresentar neste campo uma pergunta que diz respeito aos esquemas típicos... esquemas que, transmitidos de geração em geração como fórmulas fixas, são capazes de se animarem com um novo sentido, engendrando novas formulações? A literatura narrativa contemporânea, com sua complexidade de enredos e representação fotográfica da realidade, parece descartar a possibilidade desta pergunta; mas quando ela estiver diante dos olhos das gerações futuras, numa perspectiva tão longínqua quanto para nós a Antigüidade, da Pré-história à Idade Média, quando a síntese do tempo, esse grande simplificador, tenha passado sobre a complexidade dos fenômenos, reduzindo-os ao tamanho de um ponto que se perde na imensidão, suas linhas se fundirão com aquelas que nós descobrimos agora, ao olharmos para trás contemplando aquela longínqua criação poética - e os fenômenos do esquematismo e da repetição irão se impor em toda a sua grandeza. - Trecho da conclusão de Vladimir Propp em “Morfologia do Conto”
Durante a análise dos cem contos, Propp percebeu certos padrões de estrutura e personagens. De fato, nem todas as histórias possuíam todas as funções e esferas de ação as quais o folclorista desenhou como um caminho geral. No entanto, é entendido por narratologos e estudiosos modernos, que havendo metade das funções e esferas de ação, um conto que segue a teoria de Propp já pode ser considerado como parte de uma estrutura clássica, como os contos atemporais estudados.
Para categorizar e entender minuciosamente a estrutura dos contos clássicos estudados, o narratologo desenvolveu uma linguagem de códigos, ou símbolos, que juntos indicam as 31 funções ou fórmula ideal. Juntas elas são representadas por:
α β γ δ ξ ζ η θ A B C ↑ D E F G H I J K ↓ Pr Rs O L M N Q Ex T U W
Dessa forma, o teórico poderia analisar as centenas de páginas dos contos que lia e criticamente categorizá-las de forma mais objetiva e prática de serem percebidos.
O que são as funções no trabalho de Propp?
A função em si, aplicada à teoria de Propp, representa a base morfológica dos contos fantásticos no geral. Nesse sentido, os contos começam pela exposição de uma situação inicial, representada pela função α, e assim por diante.
Nesse sentido, as 31 funções são:
α Situação Inicial - uma personagem se encontra estável/confortável;
β 1. Afastamento - essa personagem afasta-se do seu local familiar, seguro;
γ 2. Interdição - existe algo que a personagem não deve fazer, um aviso, ou então uma intimação, algo que deve fazer. Não cumprir pode levar a uma pena ou castigo – mas geralmente leva ao problema apresentado na história;
δ 3. Transgressão - a personagem desobedece;
ξ 4. Interrogação - um antagonista ou um agressor que procura encontrar meios para atacar a personagem – geralmente interrogando a própria vítima;
ζ 5. Informação - a personagem informa o agressor sobre quem ela é, fornecendo-lhe assim também os meios pelos quais o antagonista procurará atacá-la.
η 6. Engano - o agressor tenta enganar a vítima;
θ 7. Cumplicidade - de forma inocente, a personagem deixa-se enganar pelo agressor;
A 8. Dano/malfeitoria - surge o problema, o cerne da narrativa;
B. 9. Mediação - o herói entra em cena para corrigir o dano;
C. 10. Início da ação contrária - o herói aceita ir contra o agressor;
↑ 11. Partida - o herói sai "do seu lar" para cumprir sua missão;
D 12. Função do doador - surge uma personagem atuante, na forma de doador, que ajudará o herói de alguma maneira. Para isso, o herói precisa de passar por alguma prova;
E 13. Reação do herói - o herói supera a prova e é ajudado pelo doador;
F 14. Recepção do objeto mágico - não é necessariamente um objeto mágico, pode ser um conselho, etc. É o prémio da prova superada;
G. 15. Deslocamento - o herói dirige-se para o local do conflito;
H 16. Luta/combate - o herói confronta o agressor;
I 17. Marca - durante a luta, o agressor deixa uma marca no herói. ( esta marca será importante para o reconhecimento (27);
J 18. Vitória - o bem vence o mal;
K. 19. Reparação - o dano é corrigido;
↓ 20. Regresso - o herói regressa para casa;
Pr 21. Perseguição - o herói é perseguido pelo agressor ou pelo/s seu/s ajudante/s;
Rs 22. Socorro - o herói salva-se ou é salvo por alguém;
O 23. Chegada incógnita - o herói regressa sem se identificar / sem ser reconhecido;
L 24. Pretensões falsas - alguém se faz passar pelo herói;
M 25. Tarefa difícil - o herói tem de cumprir uma prova que mostre que ele é realmente quem diz ser;
N 26. Tarefa cumprida - o herói supera a prova;
Q 27. Reconhecimento - o herói é identificado – por vezes, graças à marca deixada pelo agressor;
Ex 28. Desmascaramento - o pretenso herói é desmascarado;
T 29. Transfiguração - o herói é encoberto por uma aura que o muda fisicamente. ( não será o mesmo do início...);
U 30. Punição - o agressor, seus ajudantes e/ou o pretenso herói são punidos;
W 31. Casamento - o herói casa-se, geralmente com a personagem envolvida no dano, ou outro tipo de recompensa.
E o que são as esferas de ação dentro das funções de Propp?
As esferas de ação são movimentos iniciados especificamente por um dos tipos dos sete personagens encontrados dentro da estrutura. Isso porque para Propp as funções só ocorrem devido ao personagem, o personagem é a espera de ação que move a função.
Os sete personagens ou esferas de ação são:
Antagonista: 4, 5, 6, 7, 8, 16, 18, 21, 30;
Doador: 12, 13, 14;
Princesa: 25, 27 ,31;
Auxiliar Mágico: 14, 15, 22;
Mediador: 9, 25, 27, 29;
Herói: todas, menos 24, (25), 28 e 30;
Falso herói: 24, 25, 28, 3.
Entendido as funções e as esferas de ação dentro da teoria de Vladimir Propp, assim como o que significa cada uma delas em termos de símbolo/signo; partimos agora para exemplos práticos.
1. Análise de um conto simples, de uma só sequência, cujo desenvolvimento transcorre entre os motivos do combate e da vitória (H - J)
Funções encontradas no conto: α β δ A B C ↑ H − J K ↓ w
Resumo: O czar e suas três filhas (situação inicial - α ). As filhas saem para passear (afastamento dos mais novos - 3 β ), demoram-se no jardim (rudimento de proibição, transgrediu - 1 δ ). Um dragão as rapta (nó da intriga - A). O czar pede ajuda (apelo - B). Três heróis partem para procurá-las (C ↑). Três combates contra o dragão e vitória (H - J), libertação das jovens (reparação do dano - K4). Regresso (↓ ). Recompensa (w3).
2. Adentrando ao mundo do cinema, nada mais propício para explorarmos a teoria de Vladimir Propp nessa altura do ano do que o clássico de terror, “Phenomena” do diretor Dario Argento de 1985
Um clássico filme dos anos oitenta, do famoso cineasta italiano Dario Argento, trata da história de uma jovem americana chamada Jennifer Corvino, que descobre possuir duas personalidades, uma enquanto está acordada e a outra enquanto passa as noites em claro devido ao seu sonambulismo. Ao ser mandada para um colégio interno feminino na Suíça, ela começa a aprender a controlar as suas habilidades, incluindo se comunicar com insetos. No entanto, um assassino misterioso começa a matar as jovens da região do colégio, tendo Jennifer como uma das testemunhas enquanto vagava sonâmbula.
*Contém spoilers*
Funções encontradas no filme:
α β γ δ ξ ζ η θ A B C ↑ D E F J K ↓ Pr Rs M N T U W
1. Afastamento β - Jennifer parte dos Estados Unidos e chega à Suíça, num colégio.
2. Interdição γ - Frau Bruckner diz-lhe que é proibido entrar nos prédios antigos e decadentes do colégio.
3. Transgressão δ - durante um episódio de sonambulismo, Jennifer chega a uma varanda de um dos prédios proibidos do colégio. Aqui é testemunha inconsciente do brutal homicídio de uma rapariga que fugia para se esconder do assassino.
6. Engano ξ - Frau Bruckner propõe a Jennifer de passar a última noite dela na Suíça na sua mansão.
7. Cumplicidade θ - Jennifer mostra confiar na Frau Bruckner, indo também dormir na sua casa na última parte do filme.
8. Dano A - Sophie, a única amiga de Jennifer no colégio, é assassinada.
9. Mediação B - Jennifer quer descobrir mais coisas sobre a morte da amiga entregando ao professor de entomologia John MacGregor uma luva de um dos dois assassinos cheia de larvas.
10. Início da ação contrária C - Jennifer aceita indagar por um sentido de justiça para com Sophie.
11. Partida ↑ - Jennifer decide ir à procura de algum esconderijo do assassino vasculhando de autocarro uma zona de vale perto de Zurique.
12. Função do doador D - O doador é o entomólogo amigo de Jennifer.
13. Reação do herói E - Jennifer demonstra ao entomólogo a sua capacidade de comunicar telepaticamente com os bichos conseguindo perturbar aqueles que estão na casa do homem apenas com o seu estado mental preocupado por causa da morte da sua amiga.
14. Recepção do objeto mágico D - o entomólogo doa a Jennifer uma mosca muito particular capaz de individuar de longe a presença de carne humana podre, que muito provavelmente é guardada pelos assassinos, os quais são necrófilos.
15. Deslocamento G - Jennifer vai à casa de Frau Bruckner e do filho deformado e louco (o assassino principal), na qual poderá passar a noite à espera do avião que tem de apanhar no dia seguinte, sem ainda saber que os dois são os serial killers.
16. Luta F - Jennifer combate contra o filho de Frau Bruckner numa lancha, tentando fugir pelo lago ao lado da casa.
18. Victória J - chamando telepaticamente um enxame de moscas agressivas e carnívoras, Jennifer fere gravemente o filho de Frau Bruckner, que logo morre num incêndio causado pelo combustível da lancha, que começa a arder por uma cintila provocada pelo motor danificado com um golpe da lança do assassino durante a luta com a mulher.
19. Reparação K - O filho de Frau Bruckner, o principal responsável dos homicídios, já não pode causar mais danos.
20. Regresso ↓ - Jennifer nada até a praia do lago, intencionada a ir embora daquele lugar.
21. Perseguição Pr - Jennifer é perseguida, antes pelo filho de Frau Bruckner e logo por ela mesma, que a quer matar decapitando-a com uma chapa metálica para vingar a morte do filho.
22. Socorro Rs - chega Inga, a chimpanzé de estimação do entomólogo, que corta a garganta da assassina com uma navalha.
25. Tarefa difícil M - poucos segundos antes da chegada de Inga, Frau Bruckner, com tom de desafio, grita a Jennifer para chamar os bichos para a ajudar.
26. Tarefa Cumprida N - a chegada da Inga que, para além de socorrer Jennifer e vingar John, demonstra também que a rapariga é capaz de comunicar não apenas com os bichos mas também com outros animais.
29. Transfiguração T - no fim do filme, Jennifer revelou-se capaz de contactar com a telepatia também outros tipos de animais.
30. Punição U - os assassinos são mortos.
31. Casamento W - terminado este inferno, Jennifer fica com a sua única amiga ainda viva, a chimpanzé Inga. As duas abraçam-se e o filme acaba logo.
3. De modo a podermos avançar no nosso balanço, agora vamos aplicar na prática o sistema de Vladimir Propp para o cinema contemporâneo, a partir da análise do filme “Mommy” do premiado diretor canadense Xavier Dolan
Escrito e dirigido pelo cineasta franco-canadense Xavier Dolan, que veio ao estrelato após seu primeiro longa “I killed my mother”, “Mommy”, 2014, traz a mesma temática o qual o cineasta gosta de abordar na maioria de seus filmes, a relação parenteral entre mãe e filho. Os personagens principais de Dolan são sempre muito explosivos e detentores de muita personalidade dúbia e bastante vulnerável. Assim acontece com Steve, um rapaz com distúrbio comportamental violento, e sua mãe, Diane Després, uma mulher viúva e desempregada, que acaba encontrando em uma vizinha com uma suposta vida perfeita uma amiga, ou para Steve, uma segunda mãe, com quem podem contar.
É interessante analisarmos esse filme, pois ele possui uma estrutura um pouco mais complexa, com dois heróis. Ou um herói e um anti-herói, à medida que o filme vai se desenrolando. Portanto, a dinâmica clássica aplicada por Propp ganha mais dimensão. Nesse sentido, veremos as funções aplicadas ao filme por um ângulo de dimensões reorganizadas em termos de funções, ou seja, a ordem é modificada, mas a essência da história continua.
*Contém spoilers*
Funções encontradas no filme:
α β γ δ ζ η θ A D ξ I E F G Pr Q Ex T M W
1- Afastamento β - Diane Després é mãe solteira de Steve, um rapaz com distúrbios de comportamento. Ela não aceita a condição do filho.
2- Interdição γ - a Sra. Després não consegue cuidar do filho em crise, mas também não quer acionar a lei S-14 e internar Steve. A assistente social Jacqueline a intima a acionar a lei. Aqui encontramos o problema apresentado na história: Diane terá que cuidar do filho sozinha.
3- Transgressão δ - Diane desobedece a intimação de Jacqueline e, mesmo sem condições, tira o filho do centro de acolhimento e leva-o para casa.
5- Informação ζ - Diana cede a informação de que não tem emprego e que ninguém a aceita por não ter formação.
6- Engano η - Steve, ao saber dessa informação diz que vai mudar e ajudá-la.
7- Cumplicidade θ - abalada, Diana cede à promessa de seu filho.
8- Dano/Malfeitoria A - Steve chega em casa com um carrinho de mercado com compras e um colar escrito “Mommy” de presente para Diana. Todos roubados. Ela o questiona. Começa uma discussão e Steve tenta enforcá-la. Para se defender, Diana o acerta com um quadro da parede. O problema permanece.
12- Função do Doador D - Kyla, a vizinha de Diana e Steve (mãe e filho), intervém na situação da briga violenta. Ela é uma mãe oposto a Diana. Faz um curativo em Steve.
4- Interrogação ξ - Diana chama Kyla para jantar em sua casa depois do incidente com Steve. Lá Diana conta sobre a dificuldade de cuidar do filho e seu transtorno de comportamento. Algo que Kyla (dupla função) mais a frente usa para atingir Steve.
17- Marca I - Diana pede para que Kyla cuide de Steve enquanto tenta uma entrevista de emprego. No papel de antagonista de Steve, Kyla, com a previa informação da situação do transtorno de Steve, tenta corrigi-lo, tendo uma atitude pior do que a dele (que a provoca com tapas na cara). Durante a luta, Steve mija-se. Fica marcado pela primeira vez.
13- Reação do herói E_- Steve (suposto herói) desculpa-se com Kyla, ambos percebem que estavam exaltados. Kyla (doadora), como professora, ajuda Steve com os deveres da escola, a arrumar a casa e a preparar uma festa surpresa para Diana. Formação de uma amizade.
14- Recepção do objeto mágico F_- Diane conhece um vizinho que se interessa por ela. Em uma reunião entre amigas, Kyla aconselha Diane a dar uma chance para um novo homem em sua vida. O objeto mágico é a amizade de Kyla e sua presença.
15- Deslocamento G - Diane recebe uma intimação em sua casa. A carta pede uma indenização para um rapaz chamado Kevin Julien que sofreu queimaduras por causa de Steve (discussão apresentada no começo do filme no centro de acolhimento), no valor de $75mil. Diane é empregada doméstica e não consegue pagar. Ela tem que escolher se aciona a lei S-14 ou se procura outra solução.
21- Perseguição Pr_- Diane(herói) sai para um encontro com o vizinho que é advogado e está interessado nela. Ela tem a pretensão de pedir sua ajuda sobre o caso da intimação judicial. Steve(antagonista) vai ao encontro junto com eles e atrapalha Diane, provocando uma discussão violenta e enciumada.
27- Reconhecimento Q_- após confrontar Diane, Steve toma uma atitude drástica como antagonista e esfaqueia-se dentro de um mercado. Diana choca-se com a quase perda do filho e percebe que está em uma situação cada vez mais complicada, a qual ela tem que tomar uma decisão.
28. Desmascaramento Ex_- Steve deixa de ser o suposto herói principal do filme, suas atitudes não concentram-se na mudança, mas no problema.
29- Transfiguração T_- Diane depara-se com a situação sem solução do filho, bem como, com seu desejo de vê-lo um adulto realizado. Desse modo, ela tem uma epifania desse desejo (uma visão) durante uma viagem que decide fazer com Steve e Kyla, onde vê o filho feliz. Lá toma uma decisão. Sua aura muda.
25- Tarefa difícil M_- Diane hesita, e com muito sofrimento cumpri a difícil tarefa de acionar a lei e internar o filho.
30- Punição W_- Steve é preso dentro do centro de acolhimento para jovens com transtornos mentais.
Conclusão: há um herói e um suposto herói (personagens principais) no filme Mommy. Respectivamente, Diane e Steve Després. Os dois sofrem dilemas e conflitos. Steve é o antagonista de Diana e a atrapalha sem demonstrar querer mudança e é desmascarado. Kyla (coadjuvante), tem um papel terciário, complexo e interessante, que doa para Diana e Steve, mas combate Steve. Isso é o que torna o filme, “Mommy” genial e único. A sua marca.
Para o encerramento, é interessante salientar que a narratologia também é uma ciência, e portanto, está em constante estudo e mudanças. É visível na análise do filme de Xavier Dolan, aplicada a teoria de Vladimir Propp, que a estrutura ganhou novas dimensões, mais complexas. No entanto, também é notável que a maioria de suas funções permanecem em algum momento, antes ou depois do convencional. Algumas delas não são usadas, outras são usadas em momentos diferentes. O mais importante e o que foi visto na análise é ser honesto com seus personagens, focar-se nas esferas de ação e entender que o personagem é quem decide as funções a partir da sua necessidade.
Não esquecendo de entender a relação entre as esferas de ação e as funções, para que sua história não se perca e o seu significado. Trazendo ao público aquilo que realmente se quer dizer.
Madu Moreschi (Maria Eduarda Rodrigues Camargo) é uma escritora e cineasta paranaense com alma carioca. Em 2019 publicou seu primeiro livro de alta fantasia entitulado "As Crônicas do Mundo Escondido - Volume I. Castelo Branco: a herança", de forma independente pela Amazon Brasil. Em 2020 participou e ganhou de um concurso de contos com temática feminista pela Editora Fora da Caixa, intitulado "A Queima dos Punhos", sobre a primeira pugilista Londrina e seu desaparecimento dos registros históricos. Também é colunista de cinema e escreve para a revista independente Perpétua. Hoje está a cursar o último ano da faculdade de cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, enquanto prepara o lançamento do meu primeiro curta metragem promocional voltado a área literária, e se prepara para terminar os estudos em cinema na Universität Hildesheim na Alemanha.