Precisa de ajuda na construção de uma boa personagem antagonista? Quer desenvolver ainda mais seu vilão? Leia nossas dicas!
Uma das principais forças motrizes de qualquer história é o conflito - e você não pode ter um grande conflito sem grandes vilões ou oponentes. Embora seja verdade que todo tipo de personagem precisa ter sua própria luta, sua principal fonte de atrito contínuo será a dinâmica entre "herói" e "vilão", mesmo que isso seja simbólico. Portanto, saber como escrever oponentes é fundamental para a sua história.
Infelizmente, roteiristas de todo lugar caem na armadilha de escrever vilões que fracassam. Tais personagens existem apenas para lutar contra a protagonista, suas motivações são clichês e suas reações, previsíveis.
Mas então, como você escreve um grande vilão ou vilã? O que os torna memoráveis e poderosos? Enquanto você desenvolve suas personagens, pense nessas dicas que traduzimos e adaptamos do Writing Cooperative e do blog do Arc Studio Pro!
Como desenvolver boas personagens (em geral)?
Personagens são com quem o leitor se identifica. É muito bom ter um enredo sólido, mas ninguém vai continuar assistindo se as personagens forem chatas. Mistérios são divertidos, mas ninguém pode negar o efeito que Poirot tem sobre a diversão da história, não importa quão inteligente seja a reviravolta. Poirot é grande parte do motivo pelo qual as pessoas amam Agatha Christie.
"Pode ser possível apresentar personagens com sucesso sem contar uma história, mas não é possível contar uma história com sucesso sem apresentar personagens: sua existência, como realidades reconhecíveis, é a única condição sobre a qual a história pode ser efetivamente contada." - Wilkie Collins
Então, para criar personagens primárias e secundárias que não apenas ajudem, mas aprimorem o enredo, a cada personagem que você cria para sua história, você pode perguntar: qual é o seu propósito aqui?
Esta pergunta o ajudará a descobrir o aspecto técnico da criação do personagem. Se uma personagem não fizer nada para afetar o enredo, corte-a sem medo, mesmo que seja sua ideia de antagonista. Lembre-se de que existem muitas maneiras pelas quais as personagens afetam a história e nem todas são óbvias.
Existe uma boa ferramenta para organizar tudo isso. John Truby, em seu livro 'The Anatomy of Story', diz que "um real oponente não só quer impedir o(a) herói(heroína) de alcançar sua objetivo como também compete pelo mesmo objetivo".
Aí, ele lembra que a coisa mais importante a lembrar ao escrever personagens é que todas fazem parte de uma "teia de histórias". Como elas funcionam em sua história está ligado ao arquétipo de sua personagem, se elas são 'o rebelde', 'a mãe', 'o mentor', 'o guerreiro', 'o trapaceiro', etc. e como esse arquétipo se conecta à sua protagonista.
Depois de decidir em qual arquétipo uma personagem se encaixa e, portanto, em qual função elas atuam na história, você pode ver se sua existência é realmente necessária para conduzir sua história à conclusão.
Por exemplo: sua protagonista realmente precisa de um ajudante? Você poderia responder 1) sim, porque é co-dependente/não possui o conjunto de habilidades para fazer isso sozinha, etc. ou 2) não, ela não precisa um ajudante porque na verdade é mais solitária/tem problemas de confiança/possui as habilidades para fazer tudo sozinha, etc.
Assim, construa também sua personagem antagonista com base nos mesmos preceitos e com base no tema. Qual lado ela representa? Como está interligada com a protagonista? Desenhe uma teia de personagens e escreva como elas estão ligadas umas às outras e também aos pontos mais importantes da trama. Este tipo de "mapa" vai ajudar a ter clareza sobre como manter a história em movimento e quem deve movê-la em qual direção.
Depois de saber por que uma personagem existe, você pode começar a desenvolvê-la pensando em como chegou nesse lugar e a pessoa que ela é no início de sua história.
7 dicas para criar boas personagens antagonistas
1. Grandes vilões também são gente (quando são)
Pessoas são complexas. Possuem todos os tipos de falhas, peculiaridades e relacionamentos. As personagens vilanescas não são diferentes. Isso não significa que precisamos bombardear o roteiro com todas as suas implicâncias, mas saber como é sua personalidade completa é crucial. Dessa forma, quando um momento relevante nos dá a oportunidade de trazer um toque de cor para suas ações ou diálogo, podemos fazer isso.
Todos nós temos paixões e desejos e eles influenciam a forma como reagimos ao meio ambiente e às outras pessoas. Um grande amor pela música clássica pode fazer alguém inclinar a cabeça ao ouvir sua música favorita no elevador ou sentir empatia pela garota que toca violino no metrô. Mesmo um vilão desconhecido e arquetípico precisa ter uma personalidade, ainda que seja pouco revelada.
Muitas vezes, aqueles poucos momentos de humanização servem como um contraste gritante com outro em que se comportam de maneiras distintamente desumanas.
Pode parecer estranho dizer 'conheça sua personagem o melhor que puder, mas não torne isso tão pessoal', mas como Graham Greene aponta, permitir que elas cresçam ajudará a torná-las independentes e, portanto, mais úteis na sua história.
"Protagonistas [...] devem necessariamente ter algum parentesco com o autor, saem de seu corpo como uma criança sai do útero, então o cordão umbilical é cortado e eles crescem em independência. Quanto mais o autor conhece dele, quanto mais ele se distanciar de seus personagens inventados, mais espaço eles terão para crescer". - Graham Greene
Isso vale também para bons vilões! Ame suas personagens. Compreenda-as. Mas nunca se esqueça por que estão lá.
Só porque você ama o quão peculiar e incompreendido o Coringa é, não significa que ele ainda não iria se envolver em uma onda de assassinatos. Você precisa que eles tenham independência de seus próprios valores morais para que possam cumprir seu propósito criativo.
2. Grandes vilões representam coisas maiores
Às vezes, no sentido prático, uma personagem vilã representa mais do que apenas seu próprio ganho pessoal. Elas representam anarquia, vingança ou simplesmente um conjunto diferente de linhas éticas daquelas que sua protagonista traça.
Outras vezes, um vilão se apresenta como um representante metafórico de nossos próprios medos e paranóia. Eles representam o “outro”. Frequentemente, os medos que simbolizam mudam junto do momento em que são criados; sejam invasões, guerras nucleares, aquecimento global ou radicalização política.
Finalmente, no sentido literal, um grande vilão pode ser mais do que apenas uma pessoa: uma entidade, um grupo, um poder, um exército, uma doença, uma ameaça que não é identificável como uma única personalidade. Seja qual for o caso, uma personagem antagonista forte significa mais do que apenas a ameaça imediata de sua presença sempre tem um impacto maior.
3. A motivação da antagonista não é uma linha reta
É fácil cair em certos padrões ao escrever vilões - um dos mais frequentes é traçar uma linha reta entre um evento de seu passado e suas ações no presente. Alguém assassinou seu ente querido, por isso buscam vingança. Alguém os feriu, portanto querem se vingar. Não foram amados quando crianças, portanto, gostam de matar.
Embora essa linha reta possa ser um bom ponto de partida, a vida nunca é tão simples. As coisas atrapalham, as motivações múltiplas interagem umas com as outras e se complementam ou se contrapõem. Além disso, as pessoas mudam.
Ao escrever uma personagem vilã, tente considerar que ela sempre vai querer mais de uma coisa por mais de um motivo - e muitas vezes fica em conflito sobre qual objetivo perseguir em qualquer cenário.
4. 'Vilão' nem sempre significa 'bandido'! Pense na personagem como oponente
Estamos acostumados a pensar em termos simples: o cara bom e o cara mau. Mas, na realidade, pode ser muito mais complexo do que isso. Os melhores vilões são os heróis de sua própria história e não há razão para que você não possa mostrar essa história ao seu público também.
É possível que, a princípio, seus objetivos e motivação estejam em conflito com seu herói. Mas os objetivos e a motivação mudam com o tempo, não é? Nós descobrimos mais backstories, vemos como oponentes se comportam em situações extremas e é aí que uma antagonista pode facilmente se transformar em algo mais.
Pense na história da vilã de sua própria perspectiva. Aí, não importa para onde a história vá, você não corre o risco de escrever uma antagonista que é simplesmente "má".
5. Um grande vilão se destaca
Existem muitas maneiras pelas quais um vilão pode se destacar da multidão e um vilão realmente excelente geralmente o fará em mais de uma. Embora seja verdade que ser "especial" é um estereótipo usado em demasia quando se trata de heróis, os vilões muitas vezes vão na outra direção, algo menos interessante.
Personagens vilãs memoráveis se destacam não apenas por suas ações e princípios, mas pelo fato de terem objetivos especiais e uma capacidade especial de alcançá-los. Elas podem ser hiper inteligentes, possuir hiper recursos, uma hiper concentração ou simplesmente se destacarem por não seguirem as mesmas regras que todos os demais respeitam.
Lembre-se de que as personagens mais cativantes são aquelas que vivem a favor de suas vontades ou fazem coisas que nunca faríamos na vida real. É por isso que vivemos através das personagens e admiramos, repudiamos ou sentimos emoções em relação a elas. Isso vale muito para vilões, já que frequentemente (e idealmente) essas personagens vivem realidades diferentes das nossas.
Muitos de nossos vilões favoritos têm características facilmente reconhecíveis - pense na Malévola, Hannibal ou Darth Vader. Eles têm gostos muito peculiares e padrões de fala particulares. Todos esses elementos únicos se combinam para torná-los inesquecíveis.
6. Vilãs e vilões também têm que ganhar
Então você desenvolveu sua personagem antagonista. E agora? O próximo passo é ver como elas se integram ao seu enredo. Uma coisa importante, mas fácil, que você pode fazer para garantir que seu vilão tenha impacto é deixá-lo vencer.
Sejam grandes vitórias ou pequenas conquistas espalhadas ao longo do caminho, sua personagem vilã simplesmente não será uma grande ameaça se seus planos nunca derem certo.
7. Nós amamos vilões que nos surpreendem
Possivelmente o item mais difícil da lista, um grande vilão precisa ser capaz de nos fazer pular da cadeira. A previsibilidade é a ruína da emoção, bem como contraproducente para dar ao seu herói ou heroína desafios dinâmicos a serem superados.
Uma ótima maneira de ter certeza de que você está colocando surpresas em seu roteiro é perguntar ao seu Núcleo Criativo ou o que esperam que aconteça a seguir e ir contra essas expectativas (de uma maneira criativa e que faça sentido).
As surpresas podem surgir de várias formas, desde golpes inesperados até momentos de gentileza e humanidade. Tais momentos nem sempre precisam ser planos complexos e bem pensados. Às vezes, as reações instintivas mais simples são o que deixará seu público surpreso.
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